Escrito por Cibele Teixeira –

As origens da dança do ventre se perdem no tempo, cerca de  7.000 e 5.000 A.C.. Acredita-se que ela era praticada nas antigas civilizações como a Suméria, Acádia, Babilônica e Egípcia, usada em rituais,  cultos a Deusa Mãe e celebração à vida. Seus movimentos são inspirados em animais, os 4 elementos (terra, fogo, ar e água), a natureza de um modo geral. A veneração as divindades femininas era parte fundamental das tradições sagradas antigas. Nos rituais eram realizadas danças que simbolizavam a origem da vida, através de movimentos ondulatórios rítmicos no ventre. Posteriormente, a dança passou a ser realizada exclusivamente por sacerdotisas dentro dos templos e iniciações na Câmara da Rainha, com total sincronia com os ritmos musicais. Os rituais eram iniciados com as sacerdotisas dançando e cantando para que a Deusa se manifestasse, depois eram feitas oferendas de flores de lótus, incensos, essências, água e frutas. Sem a presença das sacerdotisas, as cerimônias não poderiam acontecer.

Em algumas civilizações  o conceito sagrado/ divino da dança tinham maior expressão como:

– Mesopotâmia:  as sacerdotisas tinham sangue real e eram consideradas esposas humanas dos deuses, moravam nos templos depois do seu casamento ou iniciação. Algumas dessas sacerdotisas dedicavam-se ao culto da deusa Inana ou Ishtar. No princípio desta civilização, Ishtar era a deusa da fertilidade, um dos aspectos da mãe divina, representando também o poder criativo do ser humano. Em homenagem a ela, as dançarinas dos templos executavam seus bailados sagrados.

Egito: a dança era realizada por sacerdotisas treinadas desde meninas para servirem como canal da deusa nos rituais. Pode ser que, como aconteceu na Grécia e Fenícia, os cultos da deusa Isis tenham incorporado rituais antigos, como os cultos à deusa Hathor, utilizando a dança como forma de ritual de adoração. É provável também que os egípcios antigos, tenham desenvolvido de forma especial a música e a dança durante suas manifestações em rituais.

Como instrumento de cura, ritual e agradecimento, a utilização do corpo se integra no físico/material, pois sistematiza o “balançar” do corpo em uma  dança e cria a oportunidade de reestruturar a consciência abrindo as portas interação”entre mundos”. Os movimentos são um meio de utilizar o corpo como instrumento que  incorpora símbolos de Geometria Sagrada, por exemplo o Ain (o 8 infinito), círculos (Ain Soph Aur), movimentos retos e curvos (dualidade-masculino e feminino), entre outros.

A música que conecta e integra os movimentos é orgânica, um “corpo sonoro e dançante” altera profundamente nossa consciência, conseguindo até modificar a forma como experimentamos o tempo e o espaço, gerando círculos concêntricos capazes de alterar a realidade, como já conheciam os gregos como “música para o corpo e dança para a alma”.

Os povos antigos perceberam que, se a partir de um único corpo saíam ondas de energias circulares, então dançar no conjunto “uno” de corpos abriria possibilidades ainda maiores de conexão com a natureza e o cosmo, ocorrendo assim a magia das danças e  rituais..